Carlos K Couto
Amor A Nictheroy
em 15 de março de 1975. E sempre...
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Nos bosques do Capo de São Bento aprendi a ler,
na Rua da Aclamação a escrever,
ondas de Icaraí ensinaram-me a furar a vida.
Areias do Saco me abriram o sexo; tábuas do Municipal a força do teatro; páginas O Fluminense isso de perseguir.
Barcos do Portugal Pequeno a ansiar o mundo lá.
Saudade? Aprendi no Porto, lembrando do Gragoatá. E, em Marrocos, pensando nas mulatices de cá. E, em Paris, longe do meu caminho.
Muitas vezes - quantas vezes - águas atravessei, sempre de volta nadei à minha Praia tão Grande, espumas a cantar baixo, lambendo-me feridices.
Não, não vou parar que as ruas todas, todas são minhas. Mas ousei e ousarei, porque bem sei ter Nictheroy.
Então, agora, que minha cidade, minha vaidade, deixou de ser Capital e a tornaram bairro do Rio ( que virou Grande graças a ela ), bacana poder gritar com os poros todos:
O meu canto é Nictheroy meu coração é Nictheroy minha gente é Nictheroy!
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Referência
Biblioteca Nacional
http://consorcio.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=livros_pr&db=livros&ss=new&disp=card&use=pn&arg=couto,%20carlos%20k
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Obs do Editor:
Em janeiro de 1997, publiquei este texto no CURUPIRA como conto e continuo vendo-o assim. Na ocasião disse ao pé da página: Carlos K Couto nos deixou um pouco órfãos, quando em maio de 1993 o enfarto o arrancou de nossas vidas. E registro aqui a minha admiração por esse luso-brasileiro que conquistou minha simpatia pela sua simplicidade, pelo modo despudorado de se expressar e pela franqueza de sua relação com a cidade e as pessoas, inclusive comigo, quando me encontrava nas livrarias de Niterói, sempre me interpelando "já mudou o mundo..."
Antonio Cabral Filho - RJ
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