domingo, 6 de fevereiro de 2022

O recém nascido (conto) * Antonio Francisco Pereira / MG

 O RECÉM-NASCIDO

     Olá, bom dia!

     Eu nasci hoje, primeiro de janeiro, e espero ser bem recebido por todos.

     Ainda estou meio titubeante, sentindo os primeiros contatos e interpretando as primeiras sensações, mas já deu para perceber o clima festivo em torno de mim e fico feliz com isso. Até fogos eu ouvi.

     Agora sou o caçula de uma numerosa família mas, infelizmente, terei vida curta, como aconteceu com meus irmãos. Por isso, espero aproveitar bastante as boas coisas deste mundo, dar e receber só as melhores notícias, como o fim dessa pandemia que assolou a humanidade, levou muita gente querida, mas agora, com a vacinação, vem perdendo forças e fazendo menos vítimas. Ainda bem! 

     Mas estou um pouco apreensivo com outro acontecimento que certamente vou presenciar: as próximas eleições. Não sou tão inocente a ponto de desconhecer que os políticos brasileiros não estão mais no jardim de infância. Estão, sim, num ringue de luta livre, muitas vezes desferindo golpes baixos. Isso não é nada bom. Além do mau exemplo para os recém-nascidos, podem machucar também a plateia, ou seja, os eleitores.

     De qualquer forma, mesmo sem carnaval, eu estou otimista. Afinal, aqui no Brasil – gigante pela própria natureza -, eu nasci em berço esplêndido, onde a imagem do Cruzeiro resplandece.

     E há de resplandecer até 31 de dezembro, para que eu me despeça feliz e realizado.

     Por isso, eu confio em todos vocês. Assim, por favor, não me decepcionem.

     Meu nome é muito fácil de guardar. Meu nome é um número. 2022. Ano 2022.

     Então ... FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!

    

 Antônio Francisco Pereira / MG